terça-feira, agosto 12, 2003

Rumo a escola

É incrível como certas pessoas são dotadas de uma completa falta de senso. Depois de passar um tempo no ponto, o ônibus aparece e 1001 pessoas se aglomeram na porta aguardando a vez de entrar. E então, o figura que está na roleta, paga a passagem e, satisfeito, se posiciona, de pé, bem à saída desta, praticamente inviabilizando o trânsito do restante dos passageiros em direção ao fundo do coletivo. Hoje aprontaram uma dessa.

Tendo driblado o sujeito, superada a irritação inicial e metade do caminho de pé, consegui um lugar e fiquei observando os transeuntes pela janela enquanto ouvia Lemonheads. Foi nessa que na altura da Newton de Paiva ali na Avenida Carlos Luz, vulga Catalão, vi o meu primo André Painho se dirigindo para a aula. É sempre curioso notar o comportamento das pessoas quando elas não sabem que estão sendo observadas. É claro que pensei em fazer algum sinal ou chamá-lo, mas como o ônibus só tinha janelas no alto, o fio do headphone estava todo enrolado em mim e, principalmente, por já ter protagonizado algumas cenas constrangedoras em situações semelhantes (onde enfiar a cara quando se põe o cabeção para fora da janela e dá um grito e o alvo dos seus chamados nem se move?), acabei ficando na minha. Trajando jeans e uma camiseta xadrez de mangas curtas - coisa de quem não sente frio - de mochila nas costas e, aparentemente, cantando ou falando algo, fui acompanhando com os olhos o trajeto deste cidadão. Caminhando apressadamente (devia estar atrasado), vinha desviando das outras pessoas que caminhavam pela calçada quando foi fechado de maneira espetacular por um nanico. Nesse momento o ônibus arrancou, mas ainda pude ver o olhar fulminante dirigido lá do segundo andar pelo Painho em direção ao homúnculo. Difícil conter as gargalhadas. Felizmente, logo meu ponto chegou e tive então que acordar o meu vizinho para que eu pudesse chegar ao corredor. É meio constrangedor cutucar a pessoa e vê-la despertar num pulo, sem saber onde está e o que está acontecendo... Pedi desculpas, mas tive de fazê-lo.