quinta-feira, maio 15, 2003

Mensagem em papelinho

Há alguns anos passamos a entrar pela porta dianteira dos ônibus em Belo Horizonte. Isso acabou eliminando alguns problemas: a falta de lugares para os idosos e o conseqüente agrupamento destes na frente do veículo, bloqueando a saída; os calotes através das fugas de passageiros que se sentavam antes da roleta e, finalmente, a entrada, com o consentimento do motorista, de vendedores, pedintes ou qualquer outra pessoa que quisesse levar um papo com os passageiros. Ultimamente, os últimos adotaram uma nova tática, que é a de pagar a passagem e jogar sua conversa pelos corredores. Hoje aconteceu mais uma vez. Você está lá, sentado, lendo ou ouvindo uma música qualquer e surge alguém, de algum grupo de teatro, que tenta amenizar o sofrimento de todos os necessitados do mundo. Essa pessoa te dá um papelinho com alguma mensagem (mensagens cada vez piores, diga-se de passagem) e espera algum trocado em retorno.

Não estou aqui para discutir o mérito da questão, se isso é certo, errado ou até onde isso afeta a liberdade alheia, afinal todo mundo ali pagou a passagem. O que me deixa grilado é que após o sucesso da primeira empreitada do gênero (não me lembro quando nem, tampouco, qual grupo foi o pioneiro) uma série de espertinhos percebeu o filão e acabou formando um novo grupo de teatro ou qualquer outra coisa. E é nessa que palavras como "asilo", "creche", "crianças com leucemia", "pacientes terminais" e "esperança" acabam banalizadas, sem nenhuma força. A conseqüência direta é que acabam pagando os justos pelos pecadores. Eu não dou dinheiro para ninguém, uma vez que não consigo diferenciar quem é sério e quem não é, infelizmente.

quarta-feira, maio 14, 2003

Deus é forte

Ainda não consegui concluir a minha pesquisa sobre a idade da frota belorizontina. Hoje me lembrei que quando comecei a fazer o pré-vestibular em 1995 ficava muito feliz quando pegava os novos ônibus com câmbio hidramático da linha 5001 (atual 8102). Eles ainda são a maioria desta frota. Logo, possuem, pelo menos, oito anos de uso. Bem, devo dizer ainda que esses mesmos ônibus são TOP de linha se comparados às latas velhas que rodam nas linhas 9502 e 5102. Mas, tudo bem, pelo menos eles ainda funcionam, não é verdade?

E esta tarde estava circulando em um 9104 ali pelo centro, (Av. Amazonas, especificamente) quando vi um automóvel com um adesivo deveras curioso colado em seu vidro traseiro. Era algo assim:

"Quão forte é o meu DEUS!
Venda - Instalação - Alarmes, Câmeras
Interfones, Cercas Elétricas.
Telefone XXXX - XXXX"

É nessas horas que a gente sente que a situação tá preta mesmo. Apesar do DEUS ser fortíssimo, ainda necessitamos de equipamentos sofisticados de segurança para termos tranquilidade. Como diria o Galvão: "Haja coração, amigo".

terça-feira, maio 13, 2003

É de chorar!

Começar o dia pegando um ônibus cheio não é nada agradável. O despertador toca e você fica naquela de esperar "mais cinco minutos" quando, subitamente, se lembra que se perder o ônibus das 7:25 vai ter que enfrentar uma caminhada de 20 minutos até a sua sala de aula e a coisa deslancha. Assim, alguns minutos depois, você já está a caminho da Pampulha olhando os outdoors pela janela. Outdoor é uma praga. É pior do que a pneumonia asiática! E agora parece que virou moda entre os políticos dar algum sinal de vida através dos mesmos. Não é como o Betinho Duarte, que conseguiu seus cinco minutos de fama ao subir numa escada e arrancar do alto da antiga 104 tecidos na Praça da Estação um anúncio que julgava atentar contra o pudor. A bola da vez é a família Ferrara, que inunda a cidade com seus cartazes de feliz dia das mães, dos pais, páscoa ou qualquer outro dia especial. Ah, ainda tem o Gustavo Valladares, que espalhou cartazes com os dizeres "Os homens de bem dizem não à guerra", que me comoveram tremendamente. É nessas horas que sinto orgulho de ser brasileiro! Onde mais temos políticos tão preocupados assim com a felicidade dos seus eleitores? Ou com a paz mundial? É admirável que, além dos vastos trabalhos desenvolvidos pelos mesmos durante o expediente, eles ainda encontrem tempo para essas manifestações que nos enchem de alegria! E aposto que fazem isso com dinheiro do próprio bolso! É tão emocionante que quase consigo me esquecer que a bolsa está atrasada mais uma vez...