domingo, novembro 02, 2003

Tempo!

Dessa vez tá faltando é tempo - e não estórias - para escrever aqui... Mas não deve demorar... heh

domingo, outubro 12, 2003

Mr. Sorriso

Depois de um tremendo temporal saí de casa com destino ao ponto do ônibus. Fiquei de pé lá, uns poucos minutos, e logo vi aqueles números mágicos parados bem em frente ao semáforo. Dei sinal, entrei e sentei.

Foi na rua da Bahia que entrou um sujeito muito mal encarado e um frio correu minha espinha. Sabem quando rola um mau pressentimento? "Putz, vamos ser assaltados!", foi o pensamento que veio imediatamente à minha cabeça... Achei estranho porque, antes de se postar em frente à roleta, o rapaz mudou de feição e ficou todo sorrisos para a trocadora. Mudou de sentido e sentou-se num daqueles bancos vermelhos da frente. "Ufa..".

Três pontos adiante ele desceu, em frente à Igreja de Lourdes, não sem antes sorrir um pouco mais para a distinta agente de bordo, que, ao ver a porta fechar disse para o motorista:

- "Esse aí é um dos ladrões lá do Taquaril!"
- "É mesmo?", ele respondeu.
- "É. Quando eu trabalhava no 9803 ele entrou com mais dois caras e veio em direção a roleta. Quando ele viu que era eu ele mandou o pessoal parar a descer. Falou para eu ficar tranquila que comigo não acontecia nada. Era minha última viagem naquele dia..."
- "Hum.."
- "Por isso que eu gostava do 98, não tinha assalto quando eu trabalhava..."
- "Sabe o que ele veio fazer aqui, né?", disse o motorista.
- "O que?"
- "Roubar cd dos carros aí."
- "Ah, é!"

Infelizmente (Felizmente?), não pude acompanhar o restante da saga (se é que o assunto prosseguiu), pois logo tive que descer. Ainda deu um certo receio de passar pelo banco e fazer um saque, mas, ok. Ao que parece, a gente tem que se habituar. O mundo pertence a quem, afinal?

terça-feira, outubro 07, 2003

Lugar comum

Quinta-feira passada resolvi ir ao Independência ver um jogo do Atlético. O resultado foi que tive que pegar um ônibus na Praça da Liberdade por volta das 17:30. Dia ensolarado, calor de matar e o ônibus veio, lotado, como era de se esperar. Alguns pontos adiante vejo um sujeito vestido de palhaço passando pela roleta. "Eita, lá vem...", pensei. É interessante notar que, agora que a concorrência pelo comércio dentro dos coletivos está mais acirrada devido aos meninos das balas, o pessoal do teatro resolveu pagar a passagem para vender seu peixe.

Enfim, o cara, com muito custo, se estabelece no meio do corredor e começa o originalíssimo discurso: "Boa tarde, gente! Meu nome é fulano de tal e faço parte do Grupo Teatral Alguma-Coisa-Feliz. A gente faz apresentações em creches, em hospitais infantis onde estão internadas crianças com leucemia e até mesmo com aids e em asilos. Infelizmente, não contamos com nenhum apoio do governo ou de patrocinadores e, por isso, estou aqui vendendo esse cartões e contando com a contribuição de vocês..." e por aí vai. E então recebe-se um cartão onde está impressa alguma mensagem tão alegre quanto artificial.

Olha, pode até ser que a pessoa seja a mais bem intencionada do mundo e que o tal grupo seja idôneo, mas é muito, muito difícil crer no que está sendo dito. Um discurso enlatado, decorado e vazio. É uma estratégia tão batida que vulgarizou a leucemia, a aids, a velhice e a solidão. Não comove mais ninguém.

E, ah, o Galo ganhou naquele dia.

sexta-feira, setembro 19, 2003

Sexta-feira

Devido às confusões temporais que as férias nos trazem, a todo momento confundia esta sexta com um sábado. Foi assim que achei estranho todo aquele movimento na Savassi depois das dez da noite. Pela primeira vez notei a existência do Marista Hall - ou dos distúrbios causados por ela -, hordas de adolescentes metidos em camisetas verde-limão sem mangas subiam a Cristóvão Colombo tendo como destino uma festa de música da Bahia. Logo passa o ônibus. E, amigos, foi uma viagem daquelas! De pé e chacoalhando devido às freadas bruscas do motorista. Dessa vez, até mendigo transando na Av. Assis Chateaubriand eu vi.

Na verdade, acabei arranjando um assento no meio do caminho. Meio apertado, mal cabiam as minhas pernas... E que movimento nas ruas! Comecei a me lembrar daqueles Jeeps onde os turistas passeam em safaris observando a vida selvagem. Tudo ali para ser observado, como se não fosse realidade. Todos os salões da João Pinheiro recebendo pessoas em traje de gala, metaleiros descendo em bandos a avenida, prostitutas na Afonso Pena, pivetes cheirando thinner nas grades do Parque Municipal e muita gente esperando suas linhas com bolsas, fichários e mochilas. Muita gente cansada, dava pra ver na cara. Mas então um tio com cheiro de cigarro passou pela roleta e esbarrou a sua bolsa na minha cabeça me trazendo de volta à realidade.

Sem mais devaneios, desci e percorri um quarteirão numa rua escura até chegar em casa. Um pouco de medo e uma sensação de alívio quando, finalmente, tranquei a porta. Que coisa odiosa! Mas é isso aí. Foi um dia feliz.

domingo, setembro 07, 2003

Bandidos armados com fuzis roubam passarinho campeão.

Fatos dignos de nota sobre os cinco dias passados no Rio de Janeiro:

* A passagem continua R$1,40.

* Agora, como em Belo Horizonte, os passageiros entram pela porta da frente.

* As pessoas continuam fumando dentro do ônibus.

* Os corredores dos ônibus cariocas devem ser os mais estreitos do Brasil. É necessária uma tremenda ginástica para que você consiga descer de um quando está lotado. Todo mundo se esfregando com um certo constrangimento.

* 6 horas em Ipanema, um vendedor de Halls sobe no veículo pela porta de trás. Quer vender "o alívio refrescante" e conta toda uma estória triste, coisa que qualquer usuário de transporte coletivo já está acostumado. A ladainha leva uns 10 minutos e o cara desce. Mais gente sobe pela porta de trás, sem pagar, naturalmente. De repente ouço uns acordes, pareceu um cavaquinho. Aliás, era mesmo um cavaquinho que trouxe a turma toda com ele. Logo tínhamos uma roda de pagode dentro do carro. Maravilha não? O povo lá no fundo cantando, dançando... No ponto seguinte descemos, uma pena não ter podido acompanhar a festa até o ponto final...

* Aqueles meninos malabaristas sumiram dos sinais. Acho que vieram todos para Belo Horizonte.

* O título do post é a manchete de um jornal que vir por lá.

sexta-feira, agosto 29, 2003

Sem passar pelo centro

Olha, eu acho uma maravilha essas linhas de ônibus que não passam pelo centro! Menos trânsito, chega-se mais rápido ao destino. Uma dessas linhas é a 62, que faz Venda Nova - Savassi. Boa para se ir ao dentista (parece que todos eles têm consultórios na Av. Brasil). Bom, na terça-feira peguei a dita linha no meio da tarde, tudo meio parado, o motorista andando bem. Sentei naquela última cadeira, aquela que fica no fundo do veículo, em cima do motor. No ponto seguinte entrou um rapaz estilo skatista e um senhor - estilo Oswaldo Oliveira (cara, cabelo, óculos, até a calça colocada logo abaixo do suvaco, tudo igual, impressionante), que julguei ser seu pai. O carinha tava usando uma munhequeira branca - quando digo munhequeira, é munhequeira mesmo nada de pulseira, era felpuda e tudo mais. Fiquei então conjecturando, em silêncio, acerca das atividades desenvolvidas pelo indivíduo (jogador de tênis, musculação, fisioterapia...) ou se aquele acessório era apenas mais uma "moda".

Aqui abro parênteses para explicar o trajeto. O ônibus trafega pela Av. Francisco Sales. No início é uma subida, que termina no cruzamento com a Av. Assis Chateaubriand. A partir daí é uma bela descida até um viaduto sobre a Av. do Contorno sendo que, bem no meio, há uma espécie de patamar que faz com que a descida seja similar a um tobogã.

Enfim, o ônibus vinha como um foguete quando começou a descer pela Av. Francisco Sales de modo que, ao passar pelo tal patamar, praticamente levantei vôo do meu assento, sendo surpreendido no meio dos meus devaneios. Restou-me arregalar os olhos e esperar pela catástrofe. Felizmente, a providência divina interveio e acabei sendo poupado de um humilhante tombo ao ter sido capaz de, milagrosamente, segurar uma barra que estava à minha direita. Depois disso não deu para pensar em mais nada. Desci na Av. Afonso Pena e o Oswaldo e seu filho seguiram adiante.

segunda-feira, agosto 25, 2003

Apita

Hoje foi engraçado, fiquei de encontrar o pessoal na UFMG para dar uma "arrematada" final nos estudos para a prova da tarde. Sendo assim, coloquei o relógio para despertar às 6:50. Ele despertou e eu, automaticamente, o desliguei e voltei a dormir. Abri os olhos novamente e eram 9 e tal. Como estamos em "férias", o ônibus gratuito tem circulado muito pouco pelo campus de modo que resolvi tomar o 9502 lá na rua Pouso Alegre. Ônibus cheio e velho (a linha 9502 circula com uns ônibus tão velhos que é difícil acreditar que esses veículos tenham sido novos algum dia), engarrafamento monstro no viaduto da Floresta e, para completar, uns pivetes no fundo gritando com as pessoas pela janela. Primeiro o fizeram com os lixeiros, depois com a moça que controlava o trânsito tumultuado devido ao atropelamento de um motoqueiro:

- "Apita aí, porra! Trabalha direito!"
- "Apita!!"

Felizmente, acabaram descendo naquele ponto mesmo. A viagem no 9502 sempre tem um final complicado. O trecho do bairro São Francisco, pouco antes de entrar na UFMG, passa, aparentemente, por todos os galpões de transportadoras de Belo Horizonte e, não é raro, perde-se um bom tempo esperando uma carreta manobrar. Além disso, a pavimentação não é o forte das ruas daquele bairro: asfalto desnivelado e um número incrível de buracos fazem parte do panorama. Junte a isso motoristas que trafegam com o pé embaixo, a péssima suspensão dos veículos e duríssimos bancos de acrílico e o resultado serão alguns hematomas, cds pulando e o inevitável mau humor.

Na volta peguei um daqueles vermelhos (22-alguma-coisa) que circulam pela Av. Antônio Carlos. A intenção era descer na rodoviária e a única coisa digna de nota foi um coroa que desceu pela porta da frente no ponto do conjunto IAPI. Trajava calça verde, camisa cor-de-rosa estampada com peito aberto e várias correntes douradas no pescoço. Cabelo tingido de preto e penteado de maneira a esconder a calvície. Estilo Agnaldo Timóteo, se é que me entendem... Faltou o sapato branco. Como a velha guarda da família da minha mãe mora ali, fiquei pensando que poderia ser algum tio. Who knows?

terça-feira, agosto 12, 2003

Rumo a escola

É incrível como certas pessoas são dotadas de uma completa falta de senso. Depois de passar um tempo no ponto, o ônibus aparece e 1001 pessoas se aglomeram na porta aguardando a vez de entrar. E então, o figura que está na roleta, paga a passagem e, satisfeito, se posiciona, de pé, bem à saída desta, praticamente inviabilizando o trânsito do restante dos passageiros em direção ao fundo do coletivo. Hoje aprontaram uma dessa.

Tendo driblado o sujeito, superada a irritação inicial e metade do caminho de pé, consegui um lugar e fiquei observando os transeuntes pela janela enquanto ouvia Lemonheads. Foi nessa que na altura da Newton de Paiva ali na Avenida Carlos Luz, vulga Catalão, vi o meu primo André Painho se dirigindo para a aula. É sempre curioso notar o comportamento das pessoas quando elas não sabem que estão sendo observadas. É claro que pensei em fazer algum sinal ou chamá-lo, mas como o ônibus só tinha janelas no alto, o fio do headphone estava todo enrolado em mim e, principalmente, por já ter protagonizado algumas cenas constrangedoras em situações semelhantes (onde enfiar a cara quando se põe o cabeção para fora da janela e dá um grito e o alvo dos seus chamados nem se move?), acabei ficando na minha. Trajando jeans e uma camiseta xadrez de mangas curtas - coisa de quem não sente frio - de mochila nas costas e, aparentemente, cantando ou falando algo, fui acompanhando com os olhos o trajeto deste cidadão. Caminhando apressadamente (devia estar atrasado), vinha desviando das outras pessoas que caminhavam pela calçada quando foi fechado de maneira espetacular por um nanico. Nesse momento o ônibus arrancou, mas ainda pude ver o olhar fulminante dirigido lá do segundo andar pelo Painho em direção ao homúnculo. Difícil conter as gargalhadas. Felizmente, logo meu ponto chegou e tive então que acordar o meu vizinho para que eu pudesse chegar ao corredor. É meio constrangedor cutucar a pessoa e vê-la despertar num pulo, sem saber onde está e o que está acontecendo... Pedi desculpas, mas tive de fazê-lo.

segunda-feira, agosto 04, 2003

Santo Antônio

Pois é, quase um mês sem postar. Tenho andado menos de ônibus, mas esse não é o principal problema. A grande questão é chegar, sentar e escrever, coisa que não tem sido possível. Se não faço isso, logo esqueço e adeus post.

Então, uma das coisas que mais me intriga é aquele prédio inacabado na Av. do Contorno, na esquina da rua Rio de Janeiro, às margens do Arrudas. Olha, eu comecei a voltar da escola sozinho quando estava na quinta série (1989), o ônibus, o finado 1501, passava pelo complexo da Lagoinha e dava para ver o esqueleto do prédio sendo levantado. Há 14 anos faço o mesmo trajeto de volta para casa e aquele monstro está lá, parado, cada vez mais pichado e cheio de outdoors. Hoje deu para observar que nesse final de semana acabaram de instalar mais uns vinte. Não deixa de ser um belo monumento à nossa decadência.

Falando em pichações, acabo de me lembrar de uma que vi quando estava à bordo do 4106 lá no meio do Santo Antônio. Uma maravilhosa pérola filosófica (acho até que o Pedro Kalil já tinha me falado nela):

"OS CIENTISTAS QUE FAZEN BONBAÇÃO SÃO NORMAIS, OS JOVENS QUE USAN MACONHA SÃO LOUCOS" (sic)

Vou ficando por aqui.

Inté.

quarta-feira, julho 09, 2003

Matança

Uma das maiores causas de irritação ao adentrar um coletivo são aquelas pessoas que deixam para contar moedas e notas na frente da roleta, enquanto uma fila enorme de passageiros aguarda ao longo do corredor e na porta. Por que não fazer isso no ponto? "Porque os pivetes passam e tomam". Sendo assim, a melhor alternativa deve ser deixar a grana separada no bolso antes de se dirigir ao ponto.

Outra coisa engraçada é a enormidade de fiscais da SETRANSP espalhados pela cidade. São pessoas pagas para verificar se há evasão de renda, ou seja, são fiscais dos fiscais (bem ao estilo cubano), pois acabam fazendo o trabalho dos trocadores e motoristas: entram nos ônibus, verificam a carteira de identidade dos idosos, os passes livres, e cobram de quem ainda não passou pela roleta. O engraçado é que, enquanto eles estão no carro, as regras são rigorosamente cumpridas. Basta que saltem para que o comércio de vales-transporte recomece, os vendedores de bala e mensageiros da alegria entrem pelas portas traseiras, e tudo mais. Ou seja, não funciona.

Pra finalizar, segunda-feira desci do ônibus em frente à Agência Central dos Correios, na Av. Afonso Pena, hora do rush, mil pessoas passando e falando ao mesmo tempo. Foi quando um grupo de três rapazes passou por mim. Um deles dizia:

- "Já matei porco, cachorro e galinha. Só não matei humano AINDA."

Dei uma olhada de lado e me mandei. O centro anda muito perigoso.

segunda-feira, junho 30, 2003

Incompetência pouca, é bobagem!

Levantei ainda meio decepcionado com a pífia apresentação do Clube Atlético Mineiro no Pinheirão, em Curitiba, ontem. É rotina, é verdade, mas merecíamos um pouco mais. Maldito time sem estrela! Mas aí, peguei o ônibus e passei ali pelo complexo da Lagoinha onde vi uma faixa:

"Basta de INCOPETÊNCIA no Galo! KALLIL nunca mais!"

Seguiu-se um longo suspiro: é duro perceber que a alternativa ao nada é a coisa nenhuma.

Queria não gostar de futebol. Argh.

quarta-feira, junho 25, 2003

Exércitos

E no domingo meu ônibus foi invadido por algumas pessoas trajando blusas camufladas onde estava estampado "Exército de Cristo". Será uma nova Cruzada? Curiosamente, logo adiante passamos em frente ao novo templo da Igreja Universal do Reino de Deus na avenida Olegário Maciel, uma coisa horrível e enorme, com arquitetura de shopping center. De repente comecei a pensar em quão distantes estaríamos de uma nova Inquisição. Com bancadas cada vez maiores em Câmaras e Assembléias, com um número de fiéis em crescimento exponencial e agora com o "Exército de Cristo"... Não sei não...

sexta-feira, junho 20, 2003

Pelegos

Certas coisas são estranhas. Na última segunda-feira estava no ponto de ônibus em frente ao Shopping Del'Rey, havia acabado de comprar um cd do Chico Buarque por R$9,99 (já contei que o catálogo da Phillips nos anos 70: Elis Regina, Gonzaguinha, Chico Buarque, Caetano Veloso, Belchior, Gal Costa, e tantos outros está em promoção por R$9,99 nas Lojas Americanas? Pois é, vale a pena.) e quitado uma dívida com a porqueira da C&A. De repente, do outro lado da avenida passa um ônibus velho, cheio de funcionários da Gontijo (dava para ver pelo uniforme). Um deles coloca a cabeça para fora, olha em nossa direção e grita:

- Ô BANDO DE PELEGO!

Olhei para os lados para ver se havia algum sindicalista ou bandeiras vermelhas por perto, mas não vi nada disso. Sendo assim, devo confessar que não entendi, mas foi bastante engraçado. Fiquei me lembrando daqueles meninos com uniforme do jardim de infância que, no princípio da década de 90, passavam em um ônibus escolar enquanto eu esperava o finado 1501 na rua Juiz de Fora, na saída do Marconi. Dia após dia, as crianças tentavam deliberadamente nos insultar erguendo o dedo indicador e gritando dos vidros:

- AQUI PRA VOCÊS!

Naquele tempo, pré dança da garrafa, elas ainda eram inocentes... Ok, hora do almoço.

domingo, junho 15, 2003

Nhé

Muito tempo sem escrever. Não que faltem estórias, mas é que, quando as tenho, não tenho tempo de escrevê-las aqui e quando dá tempo, já não me lembro mais. Tudo bem, mais uma semana começa, garantia de novidades. Espero que dessa vez o tempo seja suficiente.

segunda-feira, junho 02, 2003

Dou-lhe uma

Depois de uma aula que durou exatas 4 horas e 40 minutos, saí da UFMG e num golpe de sorte consegui pegar o circular interno e descer na Escola de Educação Física. É o caminho inverso da manhã. Logo o meu ônibus passou, dei sinal e subi. O trocador levava um papo com o passageiro de um daqueles bancos antes da roleta e, no caminho entre a porta e a mesinha dele, comecei a ouvir o diálogo. Primeiro umas palavras soltas (Bush, economia) e, depois, uma frase:

- Então, sô, eu vi no Jornal Hoje!
- O que?
- Que eles tão leiloando o Banco Central!!!, disse o trocador, me pedindo cinco centavos na seqüência.
- Que isso! Leiloando?

O trocador virou-se para mim então:

- Não é, véio? Eles não tão leiloando o Banco Central??
- Bem, acho que não é isso. Devem estar leiloando títulos ou dólares, você pegou a notícia pela metade.
- Leiloar dólar?? Pra que?
- Pra controlar a cotação, esse tipo de coisa.
- Ah.

Fui para o meu lugar e liguei o discman. No banco da frente havia uma mulher usando um lenço na cabeça cobrindo uma quantidade enorme de bobs. Nem sabia que ainda usavam isso. De qualquer maneira, pus-me a pensar e logo me lembrei que não se pode leiloar o que já está vendido. Tive vontade de dizer ao trocador, mas achei melhor deixar por isso mesmo. Pelo menos a gente é penta.

quinta-feira, maio 29, 2003

20 minutos de caminhada

Às terças e quintas, minha programação matinal é esta: acordar às sete, estar no ponto de ônibus às sete e vinte cinco para que, pontualmente às oito horas, eu esteja no ponto do circular interno da UFMG em frente a Escola de Educação Física. Hoje não foi diferente, a não ser o fato de, ao atravessar o viaduto da Av. Catalão sobre o Anel Rodoviário, ter sido surpreendido por um engarrafamento. O trânsito prosseguiu lento e, logo depois da curva, pude ver uma blitz montada pela BHTRANS junto com a PM na portaria da UFMG. Nada contra essas ações conjuntas da PM com a BHTRANS, reconheço que são importantes e tudo mais. Mas, bolas, será que é estritamente necessária a montagem de uma operação desse porte na portaria de uma universidade num horário de pico? De qualquer maneira, assim que conseguimos entrar em movimento e passar pela portaria, pude ver o circular interno arrancando do ponto rumo ao meu destino. A irritação foi tamanha que tive vontade de ir até a blitz dirigir-lhes alguns impropérios além de exigir uma carona até o DEMEC. Naturalmente, pensei melhor e cheguei à conclusão que isso me renderia apenas uns sopapos e uma carona até à delegacia de polícia, de modo que coloquei a mochila nas costas, aumentei o volume do discman e caminhei meus vinte minutos debaixo do sol até o DEMEC.

segunda-feira, maio 19, 2003

É o bicho

É engraçado como nossa memória é curta e acabamos repetindo certos erros. Uma das grandes enganações da última década são os cartões C&A. É muito fácil entrar na loja e comprar usando o seu cartão, o difícil é enfrentar, mensalmente, as filas quilométricas dentro das lojas para pagar a fatura, uma vez que a mesma não pode ser paga em bancos. Eu já sabia disso, mas há pouco mais de um mês, numa dessas andanças pelo centro, acabei entrando lá e comprando um par de bermudas.

Pois bem, esse mês a minha fatura não veio e, com isso, me esqueci de pagar a maldita conta. Para evitar as filas do centro, acabei saindo mais cedo e indo ao Shopping Del'Rey, onde as tais filas costumam ser mais comportadas. É longe, mas é caminho para a UFMG. Chegando lá, logo aparecem alguns funcionários te oferecendo cartões, empréstimos, seguros, títulos de capitalização. Virou uma financeira aquilo ali. Enfim, paguei, recusei um cartão de crédito e saí. Segui então para o ponto de ônibus. Na frente, como não poderia deixar de ser, dentro de um cômodo caindo aos pedaços, um ponto de jogo do bicho. Não satisfeito em estar enquadrado em uma contravenção apenas, o dono do estabelecimento ainda espalhou alguns caça-níqueis e outros joguinhos eletrônicos, para arrancar alguns centavos dos indivíduos que aguardam o ônibus. Nesse ponto a coisa é tão descarada que nem aquele biombo que separa o balcão da rua e dá uma "disfarçada" na coisa existe.

Então fiquei pensando. Eu não sei até que ponto a C&A depende da loja de roupas para sobreviver hoje em dia. Acredito que a grande fonte de faturamento da empresa nos últimos anos seja a financeira. Para isso, nem é preciso dar uma olhada no balanço, é só ver o número de escritórios que a financeira deles tem aberto por aqui. Quer ficar rico? Empreste dinheiro a juros de mercado. É um dinheiro muito fácil, limpo. E, sei lá, é lógico que uma coisa não justifica a outra, mas enquanto eu estava em pé, no sol, esperando o ônibus com mais uma dezena de pessoas em frente a um ponto de jogo de bicho ao mesmo tempo que, logo ali, do outro lado da rua, uma loja faturava milhões sem muito esforço, aquela miséria toda fez algum sentido.

quinta-feira, maio 15, 2003

Mensagem em papelinho

Há alguns anos passamos a entrar pela porta dianteira dos ônibus em Belo Horizonte. Isso acabou eliminando alguns problemas: a falta de lugares para os idosos e o conseqüente agrupamento destes na frente do veículo, bloqueando a saída; os calotes através das fugas de passageiros que se sentavam antes da roleta e, finalmente, a entrada, com o consentimento do motorista, de vendedores, pedintes ou qualquer outra pessoa que quisesse levar um papo com os passageiros. Ultimamente, os últimos adotaram uma nova tática, que é a de pagar a passagem e jogar sua conversa pelos corredores. Hoje aconteceu mais uma vez. Você está lá, sentado, lendo ou ouvindo uma música qualquer e surge alguém, de algum grupo de teatro, que tenta amenizar o sofrimento de todos os necessitados do mundo. Essa pessoa te dá um papelinho com alguma mensagem (mensagens cada vez piores, diga-se de passagem) e espera algum trocado em retorno.

Não estou aqui para discutir o mérito da questão, se isso é certo, errado ou até onde isso afeta a liberdade alheia, afinal todo mundo ali pagou a passagem. O que me deixa grilado é que após o sucesso da primeira empreitada do gênero (não me lembro quando nem, tampouco, qual grupo foi o pioneiro) uma série de espertinhos percebeu o filão e acabou formando um novo grupo de teatro ou qualquer outra coisa. E é nessa que palavras como "asilo", "creche", "crianças com leucemia", "pacientes terminais" e "esperança" acabam banalizadas, sem nenhuma força. A conseqüência direta é que acabam pagando os justos pelos pecadores. Eu não dou dinheiro para ninguém, uma vez que não consigo diferenciar quem é sério e quem não é, infelizmente.

quarta-feira, maio 14, 2003

Deus é forte

Ainda não consegui concluir a minha pesquisa sobre a idade da frota belorizontina. Hoje me lembrei que quando comecei a fazer o pré-vestibular em 1995 ficava muito feliz quando pegava os novos ônibus com câmbio hidramático da linha 5001 (atual 8102). Eles ainda são a maioria desta frota. Logo, possuem, pelo menos, oito anos de uso. Bem, devo dizer ainda que esses mesmos ônibus são TOP de linha se comparados às latas velhas que rodam nas linhas 9502 e 5102. Mas, tudo bem, pelo menos eles ainda funcionam, não é verdade?

E esta tarde estava circulando em um 9104 ali pelo centro, (Av. Amazonas, especificamente) quando vi um automóvel com um adesivo deveras curioso colado em seu vidro traseiro. Era algo assim:

"Quão forte é o meu DEUS!
Venda - Instalação - Alarmes, Câmeras
Interfones, Cercas Elétricas.
Telefone XXXX - XXXX"

É nessas horas que a gente sente que a situação tá preta mesmo. Apesar do DEUS ser fortíssimo, ainda necessitamos de equipamentos sofisticados de segurança para termos tranquilidade. Como diria o Galvão: "Haja coração, amigo".

terça-feira, maio 13, 2003

É de chorar!

Começar o dia pegando um ônibus cheio não é nada agradável. O despertador toca e você fica naquela de esperar "mais cinco minutos" quando, subitamente, se lembra que se perder o ônibus das 7:25 vai ter que enfrentar uma caminhada de 20 minutos até a sua sala de aula e a coisa deslancha. Assim, alguns minutos depois, você já está a caminho da Pampulha olhando os outdoors pela janela. Outdoor é uma praga. É pior do que a pneumonia asiática! E agora parece que virou moda entre os políticos dar algum sinal de vida através dos mesmos. Não é como o Betinho Duarte, que conseguiu seus cinco minutos de fama ao subir numa escada e arrancar do alto da antiga 104 tecidos na Praça da Estação um anúncio que julgava atentar contra o pudor. A bola da vez é a família Ferrara, que inunda a cidade com seus cartazes de feliz dia das mães, dos pais, páscoa ou qualquer outro dia especial. Ah, ainda tem o Gustavo Valladares, que espalhou cartazes com os dizeres "Os homens de bem dizem não à guerra", que me comoveram tremendamente. É nessas horas que sinto orgulho de ser brasileiro! Onde mais temos políticos tão preocupados assim com a felicidade dos seus eleitores? Ou com a paz mundial? É admirável que, além dos vastos trabalhos desenvolvidos pelos mesmos durante o expediente, eles ainda encontrem tempo para essas manifestações que nos enchem de alegria! E aposto que fazem isso com dinheiro do próprio bolso! É tão emocionante que quase consigo me esquecer que a bolsa está atrasada mais uma vez...

quinta-feira, maio 01, 2003

Não, não me esqueci deste blog.

Felizmente, as viagens de ônibus têm transcorrido com grande tranquilidade. Tão tranquilas que ando procurando dentro de cada um desses pau velhos que me levam para a UFMG a data de fabricação gravada em algum lugar. Uma vez que a tenha encontrado, poderei demonstrar a minha teoria sobre a verdadeira idade dos ônibus da Capital das Alterosas. Por enquanto, me contento em ter encontrado uma baratinha que, infelizmente, tive que deixar viver. Ela passeava, deixando transparecer um certo ar faceiro, bem perto do pescoço de um dos passageiros sentado dois bancos à frente do meu. Acabou percebendo a manobra de uma das pessoas que visava atingi-la com um jornal e escondeu-se no buraquinho deixado por um rebite. Fico na torcida para que, com esse aumento, possam cuidar da eliminação destes insetos asquerosos.

sábado, abril 26, 2003

Além de tudo, são MENTIROSOS:

O usuário, que foi pego de surpresa com o aumento, cobra mais qualidade do transporte. A única medida condicionada ao reajuste é a promessa de reposição da frota. As empresas de ônibus firmaram um acordo com a BHTrans para trocar até o ano que vem 400 veículos. Há dois anos a capital mineira não troca sua frota e Ricado Medanha diz que parte dos ônibus está com sua vida útil máxima, de sete anos, chegando ao fim.

Sete anos uma OVA! Qualquer idiota que anda em um dos carros mais velhos do 5102 ou do 9502 sabe que aquelas sucatas foram fabricadas há mais de 10 anos!

Tsc.

É brincadeira!

Ônibus da Grande BH sobe 11% no domingo (Portal Uai)

09:47

BHTrans surpreende usuário da Grande Belo Horizonte ao repassar para tarifa reajuste concedido aos motoristas e cobradores. Vale-transporte de papel pode ser usado até 31 de julho. empresários se comprometem a substituir os veículos mais antigos

O usuário de transporte coletivo de Belo Horizonte vai bancar o reajuste que os donos das empresas acertaram com os rodoviários na última quinta-feira. A partir de amanhã, as tarifas de ônibus e do táxi-lotação estarão, em média, 11% mais caras. Os ônibus azuis passam de R$ 1,30 para R$ 1,45 (veja quadro). A BHTrans confirmou o aumento somente na tarde de ontem e argumentou que o objetivo da demora em divulgar os novos valores era evitar a especulação na venda de vale-transporte. A empresa espera a perda imediata de pelo menos 5,6 mil passageiros por causa do reajuste, o segundo em menos de cinco meses.

(...)


quarta-feira, abril 23, 2003

Chorinho

A melhor maneira de cair na real, percebendo que a vida voltou ao normal depois do feriadão, é pegar um ônibus na hora do rush. Felizmente, estava sentado, não vivendo a situação em toda a sua plenitude. Vim ouvindo um cd que ganhei de presente da minha namorada. Ela é uma pessoa muito bacana e tem um gosto muito interessante, que a permite montar um disquinho que vai do tango ao pop francês dos anos 60 em oito faixas ou de stereo total para um chorinho em um outro momento. Aliás, estava ouvindo este chorinho quando comecei a me lembrar do meu pai. Se existe uma unaminidade na minha família é que o chorinho era a cara do meu velho. Isso e churrasco de asinha de frango com queijo ralado. Então me lembrei daquele filme "Next Stop Wonderland", uma comédia romântica americana boba, onde um dos personagens é um pseudo-brasileiro amante de bossa nova. Em um determinado momento do filme, ele vinha com essa pra cima da protagonista: "Em português existe uma palavra que se chama saudade. Saudade é o que você sente quando está ouvindo bossa nova." (ou algo assim). Era uma mentira deslavada. Saudade a gente sente ouvindo chorinho.

domingo, abril 20, 2003

Canastrão

Por volta das 20 horas caminhava pela rua Jacuí em direção ao ponto de ônibus. Vi o 8102 lá do outro lado da Cristiano Machado e ensaiei uma corridinha, mas me lembrei que os motoristas raramente param fora do ponto (mesmo com a lei permitindo). Assim, para evitar o constragimento de ser deixado no meio do caminho comendo poeira, voltei a caminhar. Ouço o ônibus se aproximar e eis que, para minha surpresa, uma moça tenta correr e faz sinal ao mesmo tempo. O ônibus pára uns 20 metros à minha frente. 20 metros esses que são cobertos por um pique espetacular que dou. Subo no carro e dou uma nota de 2 reais pro trocador, um tipo engraçadinho que me pergunta se eu quero o troco. Faço um gesto com as mãos de "como assim!?" e o cara conta umas pratas e me entrega o troco, comentando: "Sorte sua, hein, final de semana não costuma ter troco não!". Dou uma risada e ocupo um lugar após a roleta.

...

Chegando perto da Savassi o trocador dá umas informações para uma patricinha. Honestamente, não sei como isso começou, porque ele falava lá da cadeira dele e ela respondia da dela, no fundo do coletivo. Só sei que, em determinado momento, o cara veio com esse comentário: "É sim, é no segundo ponto da Cristóvão Colombo! Infelizmente o ônibus passa por lá!". Seguiu-se um ar de interrogação no carro. Ele completa, falando SÉRIO: "É que se ele não passasse por lá eu te levava de volta comigo até o União (ponto final)!". Foi difícil conter as gargalhadas, o risinho foi impossível. Mais engraçada era a cara da garota, meio de nojo/indignação, assim. Tudo bem, ele tentou ao menos. E garantiu um post pro blog. Ponto pra ele.

sexta-feira, abril 18, 2003

Fim de tarde, princípio de noite de quinta-feira, véspera de feriado. Peguei o 8102 e fui para a Savassi. Ali vi um assalto na Av. Cristóvão Colombo. No mesmo ponto onde, durante o carnaval, vimos pessoas arrombando carros. Hoje havia movimento e ali, da janela do ônibus, vi o rapaz voar no pescoço da moça que lutou bravamente para manter sua bolsa. Depois de uns três safanões ele saiu correndo com alguma coisa na mão que não pude identificar. Ela prosseguiu seu caminho. Eu o meu, tentando não acreditar que esse feriado vai ser como o de carnaval.

23:00 e estou no ônibus, voltando para casa. Av. Afonso Pena, quase em frente à Igreja de São José. Da janela vejo mais uma tentativa de assalto. Desta vez dois homens contra um senhor de terno que mal consegue andar. Ele tenta se defender com guarda-chuvadas e socos enquanto um tenta meter a mão nos bolsos dele. O cara parece pegar alguma coisa e afasta o velho como se estivesse dando um piparote numa mosca, tamanha a diferença de força. Acaba que surge um homem, forte até. Ele conduz o senhor para o outro lado da rua e afasta os dois malandros.

O que me incomoda mais nem é a falta de segurança, mas sim a falta de perspectiva de melhoras. Não vejo nada sendo feito. Há quantos anos a Afonso Pena é um ponto famoso de assaltos? Há quantos anos temos arrastões no Mineirão? Onde está o policiamento? Não existe análise de estatísticas e planejamento nessa porqueira de cidade? Estou farto disso!

terça-feira, abril 15, 2003

Já tentaram pagar uma conta na C&A do centro? Aquilo é terrível. Os caras emitem um milhão de cartões por mês e as faturas só podem ser pagas nas lojas da rede. O resultado é uma fila monstruosa e um atendimento horrível. Pois bem, isso aconteceu ontem. Depois de sair de lá, sem pagar e jurando nunca mais comprar um pé de meia que seja naquela loja, fui para o ponto de ônibus. Logo ele apareceu, vazio. Mas dezenas de pessoas se embolaram na porta e, uma vez lá dentro, estava iniciado o combate pelos lugares. Acabei ficando de pé, ouvindo trechos de conversas alheias. E foi nessa que acabei ouvindo o nome da minha irmã. Olhei para a pessoa para ver se era alguém conhecido. Não era. Era uma mulher que conversava ao celular. O curioso foi ver a tatuagem que ela tinha no antebraço. Ou melhor, aquilo que parecia outrora ser um nome estava agora coberto por um monte de rabiscos. Só sobrou um coração, ao lado do borrão. Pelo menos não era a cara do Latino, foi o que pensei.

segunda-feira, abril 07, 2003

A oitava arte

Uma das grandes maravilhas de se andar de ônibus é poder apreciar, com o devido cuidado, as belas placas, anúncios e outdoors que inundam a nossa cidade. Hoje tive o privilégio de ver o anúncio de instalação de "WINDOW FILM PROFICIONAL" na av. Catalão. Mas, erros de português acabam sendo o de menos, não é? Já estou cansado de ver "DIVERÇÕES ELETRÔNICAS", "CONCERTOS DE ELETRODOMÉSTICOS" e outras coisinhas por aí. E, sei lá, até hoje não sabemos se o bairro se chama Nova Suíça ou Nova Suíssa, pois ambas as grafias são encontradas nos nossos coletivos. O que me motivou a escrever este post, entretanto, foi um outdoor específico: "RENOAR, soluções em ar-condicionado". Não sei se o trocadilho infame foi proposital. De qualquer maneira, a minha condição de engenheiro mecânico com habilitação em engenharia térmica me faz torcer para que seja. Afinal, cinco anos de trabalho diário nessa área são mais do que suficientes para perceber que lidamos com uma forma de arte.

domingo, abril 06, 2003

Duas cenas distintas:

1. Sexta-feira, estou parado em frente ao ponto do 9502 na rua Pouso Alegre. Enquanto espero o ônibus aprecio o cartaz da bala POCKET, a bala de bolso (?????) da Freegels. Eis que surge, entre os carros, o meu ônibus. Faço sinal e o motorista vem reduzindo a velocidade e fazendo um sinal de que, logo atrás, vem um ônibus vazio. De fato, espero um pouco e logo ele surge, para meu espanto e alegria. Foi uma boa maneira de começar o dia. Gentileza é uma coisa bacana.

2. Sábado à tarde, ponto da rua Jacuí, a paradeira tradicional de Belo Horizonte. Uns dez metros à frente do ponto um par de garotas neo-hippies conversa. O 1502 aponta na esquina e elas fazem sinal. O ônibus, é claro, pára longe do ponto e abre as portas. Meu ônibus, que vinha logo atrás, ultrapassa o 1502 e passa voando pelo ponto, com o motorista fingindo não ver o palhaço aqui balançando o braço. O cara tem então uma crise de consciência e pára uns 20 metros depois, os quais percorro correndo. Dois pesos duas medidas, tá certo.

quarta-feira, abril 02, 2003

Vício

Viagem de volta, poltrona 39 da UTIL. Bem perto do banheiro, mas dessa vez, por sorte, os passageiros não estão tendo problemas relacionados às suas necessidades fisiológicas. Na viagem de ida, até troca de fraldas nos bancos vizinhos tivemos que aguentar. Bem, foi quando ouvia o Sigur Rós que me lembrei do Atlético. Peguei o walkman com a minha namorada e tentei sintonizar a rádio itatiaia. Nada, só uma emissora evangélica. JESUS era a palavra que eu mais ouvia. Aliás, em qualquer ponto da estrada, experimente ligar o rádio. Você, com certeza, conseguirá sintonizar ao menos UMA emissora evangélica. É brincadeira! Sendo assim, voltei para o o Sigur Rós. 40 minutos depois, não resisti. Levanta o radinho, muda de lado, gira o dial, opa, posso ouvir o Willy Fritz Gonzer. É o jogo! Ou melhor, o intervalo. 2 x 0 pro Atlético. Comento com a Laura, e desligo. Já conheço essa história... Se eu continuasse escutando, logo logo o Corínthians virava a peleja. Dessa vez optei pelo Interpol. Mais 40 minutos e não resisto. Mais uma troca e, dessa vez, mais perto de Belo Horizonte, o rádio pega rapidinho! 39 minutos do segundo tempo, 3 x 0. E só dá Atlético. Penso no Zé Antônio, e na Renata também. Corintianos. hehehe Nada como um dia após o outro. Eu esperava mais um golzinho, ao menos, mas ficou de bom tamanho. Mas, ó, sem chance de eu ir lá no Mineirão sábado. Só acredito nesse time na quadragésima quinta rodada.

terça-feira, abril 01, 2003

Férias na UFMG

Essa é a principal razão para a falta de atualização deste blog. É até curioso porque enquanto estávamos em final de semestre, tínhamos estórias, mas faltava tempo e agora passamos mais tempo em casa, e faltam estórias, pois mal frequentamos os coletivos!

Mas, vamos lá. No último final de semana estive no Rio de Janeiro e até que passeamos bastante de ônibus. 157, 175, 179, sempre três números! Aliás, a coisa que mais me chama a atenção na cidade é o fato de o número que identifica o carro para a empresa estar enormemente pintado em suas laterais e traseira, enquanto que o número que realmente importa, o da linha em questão, está dentro de uma plaquinha minúscula no canto superior esquerdo de quem vê o veículo de frente. Não dá pra entender! Mas, ó, é sempre divertido entrar pela porta de trás e descer pela da frente, como era aqui em BH há alguns anos. Mais divertido ainda é ficar sentado de frente para a plaquinha onde se lê "limite de velocidade 60 km/h" enquanto o motorista, esgoelando o motor, costura todo o trânsito dentro do túnel rebouças. Os "pilotos" cariocas voam baixo mesmo. SINISTRO.

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Pouco mais de um ano sem ir ao Rio e vejam só:

a Cometa tem ônibus e site novos. A UTIL está com poucos e péssimos horários (e uma homepage horrorosa). (!)

O Silvio's, posto de parada dos ônibus em Juiz de Fora, foi reformado. Está moderno! Retiraram, inclusive, os "maravilhosos" quadros que o decoravam outrora. (!!)

Daqui a pouco acabam com a cobrança da taxa de acompanhante no terminal Novo Rio e duplicam o restante da estrada.

terça-feira, março 25, 2003

Da janela do ônibus vi a placa, estava na porta de uma loja de artigos de umbanda na rua dos Tupis:

pacote com 100 charutos - 12,90

Considerando que um charuto é vendido no Café 3 Corações por apenas R$ 7,90, se eu comprasse o pacote de 100 charutos e vendesse cada um, na porta do mesmo Café, pela módica quantia de R$ 5,00, teria um lucro líquido de R$ 487,10. Acredito que o lucro poderia ser ainda maior se deixasse um médium sentado num tronco trabalhando como garoto propaganda. Ou não.

terça-feira, março 18, 2003

Exorcisa

Nos último seis meses tenho vindo para a UFMG pegando o 3503, o 3502 ou o 8501 na Av. Cristiano Machado. Além de andarem mais vazios, ainda me poupam uns 20 minutos de viagem proporcionados pelo 9502 no centro da cidade e no bairro São Francisco. Essas linhas me deixam na Av. Catalão, em frente à Escola de Educação Física. Fico então, na dependência do horário do famigerado "branquinho" que circula gratuitamente pelo campus. De qualquer maneira, decorei alguns horários e a coisa tem funcionado.

Hoje foi diferente, precisei fazer alguma coisa na Floresta e vim de 9502. Passei pela Antônio Carlos e então vi. Vi a placa de uma igreja católica dissidente, bem perto da UNI-BH. A placa começa em fontes bem grandes: PADRES EXORCITAS e convida para sessões públicas de EXORCISMO (sei que um dos horários é quarta às 20 horas). Além disso, o anúncio diz que a igreja realiza casamentos de desquitados, batismos de filhos de mães solteiras e uma outra coisa que não tive tempo de ler. Estou tão curioso que devo optar pelo 9502 na volta.

Um pouco adiante, perto av Bernardo Vasconcelos, se não me falha a memória, um outdoor anuncia um hospital. Tinha um grande slogan, tipo "os melhores médicos estão aqui", e as fotografias de três médicos sorrindo (as legendas: dr. fulano, dr. sicrano e dr. alguma coisa), como se fosse uma chamada do seriado Plantão Médico. Grandes destaques! Daqui a pouco eles barram os professores de cursinho em matéria de estrelismo... Até vislumbrei um futuro próximo onde as pessoas terão posters dos seus médicos favoritos nas paredes dos seus quartos, cirurgias serão realizadas em estádios e teremos até festivais para a escolha da traqueostomia ou da sutura do ano. Seria legal se nesses festivais, entre um candidato e outro, tivéssemos uma sessão de exorcismo com os padres da igreja católica dissidente, acho.

Definitivamente, estamos perdidos.

terça-feira, março 11, 2003

Assim como Rômulo Paes, estava subindo Bahia quando da janela do ônibus eu vi o pedaço de um cartaz de show. Um FO, enorme. Sei lá por que, cargas d'água, logo pensei "FOO FIGHTERS! ROCK!". Mas, como alegria de pobre dura pouco, o ônibus andou um metro e pude ver CUS.

FOCUS.

A banda holandesa de roque progressivo, que deve ter trocado uma idéia com o famigerado PATO BANTON, toca em Belo Horizonte pela segunda vez em menos de um ano. Sucesso absoluto! Mal posso esperar.
Não me perguntem por que, mas quando eu cheguei no ponto de ônibus eu estava pensando sobre a condição das mulheres no mundo de hoje; sobre como a sociedade machista oprime as mulheres nos níveis mais básicos, etc e tal e coisa... e então eu entrei no ônibus.

Atrás de mim estavam sentadas duas meninas que foram a viagem inteira conversando sobre festa, namoro e outras bobagens, até que uma delas (que tinha namorado, pelo que pude apurar da conversa) estava pedindo à outra que a ajudasse a decidir qual dos caras da sala delas ela devia beijar na tal festa.

A amiga começou a fazer uma lista até chegar em um cara, e então começou a dizer por que é que ela deveria ficar com o tal cara. Ficou falando que ele é bonito, e depois encanou de falar do corpo do cara, e não parava mais de falar sobre o corpo dele. E isso para convencer a amiga, que tem namorado, a beijar o cara.

Só deu vontade de virar pra trás e falar:

- Escuta aqui, onde foi que vocês aprenderam a pensar que nem homem, hein?

Revolução sexual o caralho.

domingo, março 09, 2003

Quinta-feira, oito da noite, véspera de carnaval. Saio do PCA e vejo o famigerado 9502 fazendo a curva na rotatória. Feliz, corro para o ponto, faço sinal e subo. Algumas pessoas estão nos bancos da frente, a parte de trás vazia mas, mesmo assim, decido passar pela roleta. Só percebo a estupidez da manobra ao chegarmos no ponto final. O trocador salta do seu banco e desce, pela porta da frente, junto com os outros passageiros. O motorista desliga o carro, apaga todas as luzes e o palhaço aqui fica lá dentro, no escuro. Pelo menos não tinha sol. Fiquei escutando Buffalo Tom, esperando o tempo passar. Alguém entra e pergunta quando o ônibus sai. Olho na planilha de horários e descubro: 20:35. Maravilha. Começo a acreditar que todos os engenheiros de tráfego da BHTRANS são uns pulhas. Recoloco o fone de ouvido e o vocalista está berrando "SHE'S MY ENEMY". É o que eu penso, na verdade.

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De qualquer maneira, a quinta-feira da semana seguinte trouxe algumas novidades. Contrariando todas as expectativas, os técnicos da bhtrans extinguiram o ponto final em frente à escola de belas-artes e os ônibus voltaram a circular pelo São Francisco em todos os horários. Tudo de volta ao normal.



quarta-feira, fevereiro 26, 2003

Eu odeio pegar ônibus com sono. É foda, 1 hora monótona de 5102, e você lá, pescando, batendo a cabeça no quadro de horários, babando na camisa... Já fiz isso várias vezes, mas hoje foi a pior. E além de tudo eu tinha um exemplar de um livro do Sarter nas mãos, e ficava tentando ler pra me manter acordado, mas é claro que não adiantava nada. Uma hora acordei quase caindo. Depois dormi direto por uns 5 minutos, e acordei com a boca seca.
Mas aí eu cheguei em casa e dormir de 8 da manhã às 4 da tarde. Nada mau.
Quem inventou aquele ponto final do 9502 em frente a escola de belas artes da ufmg não pega ônibus. Se o responsável tivesse que esperar pela partida do ônibus, numa tarde ensolarada feito essa, sentado dentro dele, que é como a maioria de nós é obrigada a ficar, ele pensaria melhor a respeito. amigos, é possível sentir o sol assando a sua pele, sem exagero. Mas, bem, depois desse suplício, o ônibus seguiu o caminho. Eu com fones de ouvido e um cd rolando. No alto do viaduto que liga a Av. Antônio Carlos à rodoviária o celular tocou. Atendi. Num dos ouvidos HURTMOLD, no outro a pessoa que falava comigo e, através da janela, pude ver uma roda enorme de curiosos, coisa bem típica de belo horizonte. No centro da roda, alguns policiais aplicavam um corretivo num sujeito deitado no asfalto com as mãos algemadas para trás. Um velhinho, aparentemente alcoolizado, ainda tentou se aproximar para ver o que acontecia, mas errou e acabou entrando no raio de ação de um dos pm's. Foi logo afastado com um safanão e um empurrão. Saiu catando cavaco. Nesse momento, o ônibus fez a curva e os perdi de vista. Caos urbano multimídia.

quinta-feira, fevereiro 20, 2003

Hoje eu entrei no ônibus e não passei da roleta. Sentei nas cadeiras vermelhas, virado pro fundo do carro, enquanto esperava o trocador ter troco. De repente o cara que estava sentado sozinho lá no fundo comendo batata frita começou a falar sozinho muito alto, praticamente como se as batatas fritas o tivessem ofendido e ele estivesse xingando elas de volta. Fascinante.